terça-feira, 24 de julho de 2012

Receita de leitura... "A Papisa Joana"

Composição: Criança com uma inteligência fora do comum, Joana conquistou o seu caminho na vida lutando corajosamente até mesmo contra o seu próprio pai. Numa época em que a instrução era vedada às mulheres, que não podiam frequentar a escola, esta jovem cedo começou a procurar o saber, a tirar as suas dúvidas e a tentar aprender sempre mais. Após a fuga de casa e de conseguir ingressar numa catedral-escola, onde supera em inteligência todos os outros alunos, Joana apaixona-se por Geraldo. Geraldo é um cavaleiro ruivo, casado e com duas filhas, com cerca de mais dez anos que Joana, mas um homem com uma grande corpulência, corajoso e bravo. Joana cresce e, para tentar ingressar no único local onde se sentia feliz e sem ser discriminada por ser mulher, disfarça-se de homem, adotando então o nome João Anglicus. Já disfarçada, ingressa na Ordem de Fulda (ordem secreta só de monges e de homens com grande relevo na sociedade da altura) e, pelos seus feitos na cura de doenças e outros males, é enviada a Roma para curar o Papa. Depois de ajudar a salvar e a reforçar a supremacia do Papa contra o Imperador, o Papa falece e João Anglicus é nomeado para o cargo. Uma mulher Papa! Nunca pensado!  E apenas três pessoas sabem do seu disfarce; Arn, Arnalda e Geraldo. O Papa João Anglicus lutou pelo poder do povo, pela melhoria de qualidade de vida da população e pelos direitos das mulheres. Por egoísmo de Anastácio, concorrente ao Papado mas posto de lado pelo aparecimento de  Joana, e num desfecho trágico e romântico, Geraldo é assassinado e no momento da sua morte e pela ligação a Joana, esta morre também.
Indicações: Aconselho vivamente a leitura deste livro fantástico a pessoas que de um bom romance consigam tirar prazer na leitura. Romance, sofrimento, esperança, dor, força, desespero, são alguns sentimentos que me despertou este livro espetacular, entre outros sentimentos e sensações que nele estão presentes mais subtilmente. Para um leitor que aprecia um bom enredo com amor, guerra e ação, este livro é simplesmente perfeito. Irá cativar a passagem por cada página, irá prender o leitor de maneira que acaba de ler uma página e irá ter a necessidade de ler a próxima. Este é também um livro que instrui e que ajuda a  perceber que o mundo nem sempre foi o que é hoje. Um mundo em que era preciso sacrificar corpo e alma para ter sucesso e para conseguir seguir na vida. A luta pelos objetivos é o principal ponto deste livro, na minha opinião. Se quer ser um lutador e enfrentar a vida para ser bem-sucedido, leia este livro e perceba que isso é possível!
Precauções:  Este livro não é aconselhado a “cardíacos” pois momentos de perigo, lutas e momentos de ação, como um genocídio numa igreja repleta de inocentes ou julgamentos horríveis, estão presentes quando menos se espera. A leitura deste livro poderá deixar sequelas para a vida e medos inevitáveis dos sentimentos que esta leitura vai despertar. Pessoas sensíveis poderão ter dificuldades em chegar ao fim do livro pelo amontoado de peripécias e de horrores que despertariam o medo no homem mais forte do mundo, um livro em que normandos violadores de crianças, assassinos, e outros guerreiros tremendos irão entrar pela cabeça do leitor e imprimir-lhes imagens terríveis e assustadoras.
Posologia: Para o leitor ter a perceção da dimensão da história sem se prender excessivamente ao livro e a tudo o que este tem implícito, aconselho a leitura de uma hora diariamente. Na minha opinião, a leitura deste livro deve ser feita de preferência num espaço isolado para que nada interfira e disturbe a concentração, com uma música, de preferência ligeira e calma. O relaxamento é essencial para a leitura de um livro apaixonante e algo assustador como este.
Dose de leitura: Joana saiu da escuridão silenciosa da caverna para a noite cheia de luar. Cingindo ao corpo o manto áspero cânhamo cinzento, avançou na sombra, procurando na paisagem alterada a entrada para o caminho da floresta. Olhou para trás, pensou na sua cama confortável, nos cobertores provavelmente ainda mornos do calor do seu corpo. Pensou na mamã, de quem nem sequer se tinha despedido. Deu um passo no sentido de casa, depois parou. Tudo o que lhe interessava, tudo quanto ela queria, estava na direção oposta. E entrou na floresta.     
A lança cortou o ar com a sua ponta de metal brilhando ao sol e caiu na água, perto da mandíbula do dragão.
                No navio, ouviu-se uma explosão de risos. Os normandos insultavam-nos na sua língua áspera. Dois deles levantaram no ar uma trouxa dourada para se divertirem. Só que não era uma trouxa: era uma mulher que pendia no meio deles, inanimada, uma mulher de cabelo castanho.
- Gisla! – Gritou Geraldo, desesperado, ao reconhecê-la.         (…)
                Os seus olhos caíram num normando morto. Saltou do cavalo, pegou no machado de cabo comprido que o morto ainda tinha na mão e começou a golpear o cadáver. O corpo mutilado saltava a cada golpe. O elmo dourado partiu-se, mostrando o rosto imberbe de um rapazinho, mas Geraldo continuava a golpear, levantando o machado uma e outra vez. O sangue espirrava por todos os lados, manchando as suas vestes.


Valter Santos Nº 26 11º A

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