segunda-feira, 23 de julho de 2012

Receita de leitura... "O Erro de Descartes"

Composição:
O livro O erro de Descartes aborda a controversa temática do comportamento racional humano e sua ligação com as emoções e os sentimentos, intercalando com as reflexões pessoais de António Damásio, chegando até a oferecer-nos uma nova perspetiva sobre estes. Mostra-nos que os sentimentos e as emoções partilham uma forte ligação com o nosso corpo e derivam da perceção direta do nosso estado físico. Através da apresentação de um vasto leque de situações, António Damásio ajuda-nos a compreender através de uma escrita clara e coerente, o papel das emoções no comportamento racional assim como a relação entre corpo e mente.
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O Erro de Descartes analisa em profundidade os casos neurológicos mais enigmáticos da história como o de Phineas Gage e relata cronologicamente a evolução das ideias e conceitos neuropsiclógicos desde os primeiros registos até aos dias de hoje. Muitas das ideias de Descartes são também refutadas assim como a célebre frase “Eu penso, logo existo”. É-nos mostrado que não é a partir do momento em que compreendemos o nosso pensamento que passamos a existir, mas que é a partir do momento em que o nosso corpo atinge a sua plenitude e que nos mantemos sãos que conseguimos pensar com eficiência e fazer uso da razão. A ideia de dualidade entre corpo e mente é também posta em causa visto que a mente não é nada mais do que um produção do cérebro e que as nossas emoções, associadas por Descartes à mente, são de facto reações do nosso corpo a estímulos externos.

Indicações
Este livro poderá vir a ser do interesse de todos aqueles que se sentem compelidos a explorar as suas próprias mentes, a compreender o porquê muitas vezes pouco claro das nossas decisões mais íntimas e a atingir o cerne das relações entre razão/ sentimentos e corpo/mente. É um livro para todos aqueles que têm uma mente ávida de conhecimento e aberta a novos pontos de vista. Para todos aqueles que põe em causa e questionam a ideia de dualidade entre corpo e mente proposta por Descartes encontrarão neste livro uma explicação mais aprofundada, apoiada por inúmeros factos derivados de experiências de neurologistas de renome como António Damásio e Frederick Nahm. O uso de termos de cariz científico intercalado com uma linguagem formal e corrente faz deste livro acessível não só aos entendidos na matéria mas também a todos aqueles que possuam um conhecimento mínimo do abecedário.
Precauções
Se é um “velho do Restelo”, conformista e está demasiado arreigado ao conforto das suas ideias, palpitações e até indignação podem ser algumas das consequências e sintomas que poderão ser experienciados aquando da leitura deste livro.


Posologia              Aqueles momentos em que nos encontramos com uma necessidade absurda de conhecimento e ao mesmo tempo de algo simples para não sobrecarregar a cabeça ainda com mais complicações que aquelas que o quotidiano nos oferece tão gentilmente, são ideais para nos sentarmos e lermos um pouco deste livro que parece despoletar o nosso interesse pelo saber. Parar vai ser difícil; no entanto, necessário se almejarmos compreender e assimilar toda a informação que este livro nos dá em apenas algumas páginas. Deve ser lido com uma mente aberta e descansada preparada para receber o testemunho de um grande cientista (António Damásio) que põe em causa muito do que René Descartes defendeu no passado.
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Dose de Leitura:
A citação na contracapa “Emoção, Razão e Cérebro Humano” começa logo por nos dar uma ideia bastante distinta do assunto do livro. O Erro de Descartes fala, como já foi referido anteriormente, da relação entre o comportamento racional e as emoções e sentimentos, e mostra-nos desde o início até ao fim como estas duas realidades se encontram profundamente ligadas entre si e dependem igualmente uma da outra. Damásio põe em causa muitas das frases que sempre nos foram ditas e que sempre assumimos como verdadeiras como por exemplo, “devemos sempre pensar de cabeça fria” ou “não deves deixar as tuas emoções afetarem o teu comportamento”. A verdade é que isso é não possível pois, como nos é dito e explicado ao longo de todo o livro, as emoções desempenham um papel fundamental na tomada de decisões. Nos estudos que realizou em pacientes ao longo da sua carreira, António Damásio provou que o dano em zonas do cérebro que controlam as nossas emoções é sempre um factor determinante na posterior deterioração da capacidade de tomada de decisões e relações inter-pessoais do paciente em questão. “Reagimos, muitas vezes sem de tal nos apercebermos, primeiramente com as emoções e depois com o pensamento racional.” é outra citação colhida do livro que reforça as ideias já apresentadas sobre o facto de as emoções estarem intrinsecamente relacionadas com o pensamento racional e que este último se encontra muito dependente das emoções e sentimentos. O Erro de Descartes é um livro muito esclarecedor e lê-lo está longe de ser uma a tividade meramente lúdica.
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João Amado, 11.º A

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